O amanhã não existe. Alguém muito sábio me disse isso, e é assim que eu vou começar essa carta.
No amanhã, a gente não faz nada. Amanhã não conjuga verbo e muitas vezes a gente desperdiça o hoje, sonhando com o amanhã, sem pensar que esse amanhã não é nada além de uma grande suposição.
O medo, a preocupação, a ansiedade, e mais uma porção de sentimentos, estão guardados no amanhã, sejam eles bons ou ruins, nocivos ou inofensivos.
Mas a gente não ama amanhã. A gente não sorri amanhã. Boa parte dos verbos estão guardados pra hoje e a gente deixa de conjugar, pelo medo que vem junto com o amanhã.
E será que vale a pena ter tanto medo? Eu me pergunto todo dia quantas vezes o medo do amanhã, me impede de ser feliz hoje, e cada dia eu vou descobrindo um pouquinho mais de mim.
O que eu sei sobre alguns dos meus medos, e sobre todas aquelas pequenas coisas que ainda me impedem de viver o hoje com a intensidade que ele merece, é que eu não vou ser a mulher dos seus sonhos, porque isso não é o que você quer.
Quanto a mim, só consigo repetir quase que como um mantra, que você não é o homem da minha vida, mas é só porque eu não posso permitir que você seja. E sim, é medo. Do amanhã, da dor, de um dia você perceber que eu não sou tudo aquilo que você sonhou.
É medo de sentimento, mas não de verbo.
Medo de admitir que você faz eu me sentir a pessoa mais especial desse mundo, e que embora eu me ame muito, eu também gosto de como me sinto quando eu to com você. Medo de que, depois de admitir isso, eu tenha que te observar ir embora com toda essa informação na mão, e meu coração guardado no bolso.
E eu sei que posso me arrepender, mas eu prometi a mim mesma que colocaria meu coração em um lugar seguro e que, pra protege-lo, eu jamais daria um passo enquanto não enxergasse a outra pessoa caminhar na minha direção. E eu to bem onde eu to agora. Mesmo sabendo que ficaria muito melhor, se estivesse no lugar que eu gostaria de estar.