Para aquele que me bagunça o coração

Se eu pudesse, te diria que eu sou legal.
Que eu sei andar de skate, que provavelmente jogo video game melhor do que você, que levo 20 minutos pra completar um quadrado de Sudoku no nível Intermediário.
Que eu sei falar inglês, que odeio boliche, mas adoro paintball, e que faço o melhor brigadeiro da sua vida. Diria que eu gosto de filme de terror, e não gosto de filme de faroeste, que durmo de meia e acordo descabelada, que sei a fórmula de Báskara mas não faço ideia de como aplicar na vida. Diria que eu faço piada com tudo, mas que sou adulta quando precisa, que danço no supermercado, vejo programa ruim pra dar risada e abraço as pessoas quando estou com medo.

Diria que eu não sei mentir, que eu odeio chorar, que eu nunca quebrei uma perna. Que tenho medo de abelha nas mesmas proporções que tenho medo de ser traída. Que sei a diferença de valor e de preço, que já chorei até amanhecer o dia, e também já dei risada até o sol nascer. Diria que brincava de casinha nas férias escolares, que repeti o terceiro colegial, que empinava pipa na laje da minha avó, que pulava corda na rua, que vivia com os joelhos roxos. Diria que gosto de ler, de escrever, de dançar, de hidratar os cabelos e fazer máscara de argila. E que uso tênis, mas adoro salto alto.

Se eu pudesse, te diria que gosto do seu cheiro, de como eu sou do tamanho do seu abraço, e que seu beijo encaixa direitinho no meu, diria que adoro quando você me dá bom dia, mas finjo que não ligo, pra você achar que eu não sou igual às outras meninas. Diria que pareço forte, mas me derreto toda quando você sorri. Diria que eu sei a fórmula certa pra gente ser feliz.

Diria que eu não crio expectativas porque já criei demais e me machuquei muito, mas tem dias que eu espero tanto que você queira me abraçar.

Diria que eu finjo que não quero nada, que não ligo pra você, que não tô nem aí, que sou durona, independente e dona do meu próprio nariz, mas o que você não sabe, é que por trás disso tudo, eu tenho o coração cheio de sonhos de menina, daquelas que ouve Spice Girls deitada nos pés da cama, usando meias coloridas. E então, sem poder dizer nada, te convenço de que sou normal, de que não ligo, e devagarzinho, vou fugindo o mais longe que posso das borboletas no meu estômago. Vou fugindo o mais longe que posso de você.

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