Eu lembro que quando olhava para o meu ex-namorado, eu via como se ele fosse um pedacinho de mim. É engraçado como durante tantos anos, eu sabia que mal te conhecia.
Acho que por isso foi tão difícil cortar vínculos com ele, e tão fácil cortar com você.
Por não te conhecer direito, eu sequer me permiti criar vínculos e raízes. Eu te dei sementes, te ajudei a semear, regar, colher, eu estive lá quando fez sol, chuva, quando tudo o que você precisava era de um beijo, ou chorar soluçando no meu abraço, no entanto, na minha colheita, eu estava só. Eu sempre estive só.
Não que não fosse sincero o que eu sentia, porque eu juro que era de todo o meu coração, mas era uma sinceridade com prazo de validade.
Uma determinada hora, você mentiria, como sempre fez, eu descobriria e acabaria ficando quietinha, como fazia repetidamente.
A coisa que eu mais desejo hoje em dia, é poder ter um parceiro como eu me forçava acreditar que tinha. Como você queria que eu acreditasse que eu tinha.
Alguém que não só goste do mesmo seriado que eu, mas que termine o dia querendo deitar ao meu lado e contar todas as bobeiras da sua rotina chata e também se importe em saber sobre mim.
Alguém que não só durma bem do meu lado, mas que acorde olhando nos meus olhos achando graça da minha cara emburrada pela manhã.
Alguém que não só queira estar do meu lado, mas queira me levar pra conhecer o seu mundo.
Eu acredito no tempo, o mesmo tempo que você me fez esperar por tantas vezes, o mesmo tempo que você deixou passar bem debaixo dos nossos narizes, enquanto esperava por sei-lá-o-que, eu acredito no tempo que eu permiti que doesse, até que a ferida estivesse esquecida.
Eu acredito no tempo que dá lições, que nos ensina de maneira perversa, que nos coloca diante dos nossos próprios erros. Eu sei que fiz o meu melhor, e sei também, que não estarei mais por perto quando a vida quiser te ensinar algo, porque o amigo e amante que eu tanto desejo pra mim, é exatamente o que eu fui pra você, mas você deixou ir embora.